quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

IZIANE PODE NÃO IR À OLIMPÍADA DE LONDRES

Entre o prestígio de disputar uma Olimpíada com a seleção brasileira ou um salário em dólar na WNBA, liga americana feminina de basquete, a ala-armadora Iziane, 29, está muito perto de ficar com a segunda opção.
Em meados de abril, a jogadora, cestinha da LBF (Liga de Basquete Feminino) pelo Maranhão Basquete, deve ser convocada pelo técnico Luiz Cláudio Tarallo para mais de dois meses de treinos da equipe nacional na preparação para Londres-2012.

Oferta de R$ 173 mil faz maranhense Iziane balançar entre seleção brasileira e liga americana
No mesmo período, estará em curso a temporada da liga profissional dos EUA. Iziane negocia um contrato de três anos com o Seattle Storm, atual campeão, clube que já defendeu de 2005 a 2007.
O acordo com a equipe da Conferência Oeste deve ser de um salário anual de mais de US$ 101 mil (cerca de R$ 173 mil), o teto salarial da WNBA. As temporadas duram, em geral, de quatro a cinco meses.
“O que estou vendo neste momento é a parte financeira”, disse à Folha, por telefone. Quando perguntada sobre o prestígio que teria por jogar uma Olimpíada, a maranhense respondeu: “Só o prestígio não vai pagar as minhas contas no final do mês”.
Iziane faz planos de ir para Seattle e atuar em um dos times mais fortes da liga, que conta com a pivô australiana Lauren Jackson e a armadora americana Sue Bird. “Gosto do time, tem chances de ser campeão, a cidade é ótima, e a comida de Seattle também”, declarou. “Mas ainda não tomei a decisão final. Com certeza farei o que for melhor para mim, Iziane”, disse a jogadora.
A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) sabe da pretensão de Iziane de disputar mais uma temporada nos Estados Unidos em detrimento dos Jogos de Londres.
A ex-jogadora Hortência, atual diretora do departamento feminino da confederação, disse que conversa sobre Olimpíada com Iziane desde o Pan de Guadalajara, em outubro do ano passado. “Tenho fé que a Iziane vai treinar desde o começo. A CBB está fazendo sua parte. Converso muito com ela, fui ao Maranhão continuar o papo. Mas não posso obrigá-la a jogar pelo Brasil”, disse.
A dirigente evita criticar Iziane. Prefere culpar a falta de boas atletas com nível técnico para serem convocadas. “Iziane não está errada. Deveríamos ter feito mais jogadoras com nível para a seleção. Ficamos à mercê das decisões da atleta e temos que respeitar”, declarou.
A relação da ala com a seleção é espinhosa desde 2008, quando discutiu com o então técnico Paulo Bassul e ficou de fora de Pequim-08. Em 2011, Hortência liberou Iziane de disputar o Pré-Olímpico, em setembro do ano passado, na Colômbia. Na contramão da ala, a pivô Érika abriu mão da WNBA neste ano para cumprir a agenda de treinos da seleção.
Ala desfruta das melhores médias de sua carreira
Iziane é, de longe, a principal jogadora da LBF, a versão feminina do Nacional. É a cestinha do campeonato, com média de 26,2 pontos por partida, superior à soma da segunda e da terceira maiores pontuadoras de sua equipe, o Maranhão Basquete. A ala é quem mais arremessa na competição, com 56 pontos tentados por jogo -aproveitamento de pouco mais de 46%.
Iziane não tem substituta porque costuma passar os 40 minutos em quadra em quase todas as partidas. É a décima melhor reboteira do campeonato, com média de 7,5. As nove primeiras nessa lista são pivôs.
O time não acompanha o desempenho de Iziane. Ocupa apenas a a sexta colocação -são nove participantes-, com cinco triunfos em 11 rodadas. Hoje, às 20h, desafia o líder Americana, no interior de São Paulo.
A equipe maranhense, que é apadrinhada pelo empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB), foi montada a partir das indicações da ala. O ginásio Castelinho, em São Luís, com capacidade para pouco mais de 7.000 espectadores, está frequentemente lotado.
Os números de Iziane no Brasil são bem superiores aos que ela alcançou em outras competições. Na temporada passada na WNBA, por exemplo, Iziane teve 7,6 pontos e 1,7 rebotes de médias pelo Atlanta Dream.
No Besiktas, de Istambul, última equipe europeia em que atuou, foram 17 pontos e mais 4,3 rebotes. “Minha experiência internacional está contando muito aqui no time do Maranhão”, declarou a ala. “Jogando com as melhores, você acaba se tornando uma das melhores também.”

Fonte: Daniel Brito, Folha de São Paulo.

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